Sublinhagens foram identificadas em pacientes de Joinville e Florianópolis; casos ativos da doença tiveram alta de 21%
Ao mesmo tempo que os casos ativos de Covid-19 cresceram em Santa Catarina, duas novas variantes do coronavírus foram identificadas no Estado. Uma criança de 9 anos, de Joinville, foi diagnosticada com a BA.2.12.1. Já na Capital, a cepa XQ foi detectada em uma mulher de 32 anos.
As sublinhagens derivam da Ômicron. Os casos foram notificados pela Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina) e diagnosticados pelo Lacen/SC (Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina). As amostras foram encaminhadas para sequenciamento genômico da Fiocruz.
Em Santa Catarina, os casos ativos da doença cresceram 21% na última semana, segundo o Necat/UFSC (Núcleo de Estudos de Economia Catarinense da Universidade Federal de Santa Catarina).
Variante XQ
A subvariante XQ, identificada em uma mulher de 32 anos, moradora da Capital, é o primeiro caso no Estado. A sublinhagem é considerada uma mistura de genoma de duas linhagens da variante Ômicron, BA.1.1 e BA.2. As informações foram confirmadas pela Vigilância Epidemiológica do município.
A paciente foi vacinada contra a doença e apresentou sintomas leves, como perda de paladar, olfato, cefaléia, irritação na garganta e fadiga, e não chegou a ser hospitalizada. Conforme a Dive/SC, ela viajou para Brasília no mês de abril e a coleta da amostra para o teste ocorreu em 4 de maio.
Casos pelo mundo
Um grande número de casos da variante XQ foi identificado no Reino Unido causando sintomas leves ao infectar pessoas vacinadas.
Já no Rio Grande do Sul, 25 casos da cepa recombinante XQ foram detectadas entre os meses de março e maio.
“A identificação ocorreu em diferentes municípios gaúchos, o que sugere uma transmissão local da recombinante XQ no Estado”, afirma a pesquisadora do IOC/Fiocruz (Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz), Paola Resende.
No Brasil, a foi identificada a partir de novembro de 2021 e responde por quase a totalidade de casos no país, com predomínio das linhagens BA.1 e BA.2 e suas sublinhagens.
“Ainda temos poucos dados genômicos disponíveis de abril e maio. O genoma da cepa XQ apresenta um trecho do código genético da linhagem BA.1 da variante Ômicron e um trecho da linhagem BA.2. São duas linhagens de uma mesma variante de preocupação, por isso, precisamos monitorar o que vai acontecer”, ressalta a virologista.
Variante BA.2.12.1 é mais infecciosa
A BA.2.12.1 é uma linhagem da variante Ômicron, responsável pela maior parte dos casos recentes de Covid-19 nos Estados Unidos.
Uma criança de 9 anos, de Joinville, foi a primeiro a ser diagnosticada com a cepa no Estado. Ele teve sintomas leves, como coriza e tosse, e não foi hospitalizado.
“A variante já foi reportada em alguns outros países e em alguns locais do Brasil. Está em avaliação para identificação do seu potencial, risco de transmissibilidade e de possível gravidade”, explica o superintendente de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário.
Considerada mais infecciosa que a Ômicron original, a BA.2.12.1 tem um grande potencial de transmissibilidade. Segundo relatos da literatura científica internacional, a sublunhagem apresenta a característica de escape de anticorpos induzidos pela infecção.
No entanto, a Dive aponta que os anticorpos produzidos pela vacina ainda são altamente eficazes na prevenção da infecção grave.
Situação da doença em SC
A sublinhagem BA.2 domina o cenário epidemiológico da Covid-19 em Santa Catarina. Ela substituia sublinhagem original da variante Ômicron (BA.1.1), que foi responsável pelo grande número de casos registrados nos meses de janeiro e fevereiro de 2022.
Ao longo de 2022, 522.822 pessoas foram diagnosticadas com a doença, sendo 13.007 na última semana. O contínuo aumento dos casos fez a média diária de novas infeccções atingir 1.858 por dia.
Conforme documento do Necat, o patamar pode ser considerado bastante elevado ao comparar o número de casos nos últimos meses de 2021, quando a média de casos chegava a 400 por dia.
Todas as regiões registraram aumento de casos, mas na última semana destaca-se a região Planalto Norte/Nordeste, que passou a responder por 23% do total estadual, com 3.287 infectados. O número é o maior entre todas as regiões. Já o número de mortes se mantém em quatro por dia.
Nesta segunda-feira (6) o mapa de alerta epidemiológico municipal foi atualizado. São 101 municípios com risco baixo, 116 com risco médio e 78 com risco alto para a doença.
O governo estadual decretou estado de emergência em saúde em razão do avanço de doenças respiratórias, que valerá por 90 dias. O investimento para reverter a crise chegará a R$ 40 milhões.
Na próxima semana o Lacen/SC irá publicar uma nova edição do boletim de monitoramento genômico de Santa Catarina para atualizar o cenário de circulação de variantes do coronavírus.
Com informações do ND+