Transferências acontecem via ambulância e serviços aeromédicos
Nos últimos dias, principalmente após a chegada do frio ao Sul de Santa Catarina, o Hospital Materno Infantil Santa Catarina (HMISC) passou a registrar um grande número de crianças sendo internadas, tanto em leitos clínicos quanto em leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Desde esse sábado, dia 9, o número de crianças com doenças respiratórias aumentou consideravelmente, o que levou à necessidade de iniciar transferências destes pacientes para outras unidades do Estado. Neste domingo, dia 10, o governador Carlos Moisés esteve no local acompanhado do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro.
De acordo com o diretor técnico do HMISC, Leon Iotti, desde agosto de 2021 o hospital vivencia um aumento de casos de doenças respiratórias, inclusive durante o verão. “Isso é sazonal agora no inverno sabíamos que teríamos esse aumento, mas não imaginávamos que seria tanto”, destaca Iotti.
Atualmente, o HMISC tinha 16 crianças internadas em UTI e outras sete precisando de leitos de terapia intensiva. Estas sete estavam entubadas no pronto-socorro, segundo Iotti. Três delas - as que tinham condições - foram transferidas neste domingo para outras unidades de saúde de Santa Catarina. Outras quatro aguardam leitos disponíveis.
Além disso, as internações clínicas também aumentaram significativamente. “Temos 29 leitos no hospital, e 54 crianças internadas, algumas em local inadequado. Temos salas de observação funcionando como enfermaria. Por segurança e qualidade de atendimento, solicitamos a transferência de 14 crianças para unidades que possuam leitos clínicos disponíveis”, ressalta o diretor técnico do hospital.
O governador Carlos Moisés explica que as transferências estão acontecendo por meio de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e serviços aeromédicos, inclusive com helicópteros do Corpo de Bombeiros. “Estamos visitando o hospital por conta dessa demanda importante na área de doenças respiratórias. Santa Catarina fez a lição de casa, saímos vitoriosos da pandemia, com a menor taxa de letalidade do Brasil. Mas a guerra deixa sequelas, e estamos fazendo essas visitas para entender as demandas que a pandemia deixou”, diz.
O prefeito Clésio Salvaro também acompanhou a visita na tarde deste domingo. Ele reforça a importância da vinda do governador ao local, para que o Estado tenha conhecimento da situação. “Ontem foi o pior momento que tivemos aqui. Como a responsabilidade é do Estado, mas também somos titulares dos problemas, estamos acompanhando e disponíveis com tudo o que o município tem à disposição”, reforça.
A alta demanda nos hospitais e importância da saúde básica
Uma das discussões entre a instituição e os governos presentes nesta tarde foi justamente a necessidade da valorização da atenção básica de saúde. De acordo com o diretor técnico do HMISC, Leon Iotti, atualmente 70% da demanda do hospital poderia ser atendida nas unidades básicas de saúde (UBS) ou Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) dos bairros.
A maioria dos casos registrados nos últimos dias não têm relação com a Covid ou Influenza, segundo Iotti, mas com outros vírus de certa forma comuns nesta época. “Trazer as crianças ao hospital para serem pesadas, ou para atestados, por exemplo, faz com que elas se contaminem. Em junho, por exemplo, chegamos a ter dez mil atendimentos no mês, quando nossa média história é de cinco mil”, comenta Iotti.
O hospital não deve ser procurado como a primeira solução para a saúde. “É importante que a UBS ou UPA sejam utilizadas”, reforça o diretor.
O governador Moisés entendeu o recado, e destaca que pensa em uma parceria com Criciúma para que se coloque uma importância na oferta de saúde pediátrica nas unidades de sau’de. “Talvez, quem sabe, a criação e integração de uma UBS com este hospital”, avalia.
Apelo aos pais para a vacina
Tanto o diretor-técnico quando o governador destacaram, ao longo desta tarde, que atualmente houve uma inversão no número de crianças vacinadas em Santa Catarina. Antes, segundo eles, o número no Estado era de cerca de 70% a 80% de crianças vacinadas para 20% não vacinadas. Hoje esse número inverteu. “Para cada dez crianças, temos apenas duas vacinadas”, diz Iotti.
O diretor-técnico reforça que isso, junto a outros fatores, faz com que o hospital fique sobrecarregado. “Fica então este apelo, para que não deixem de fazer suas vacinas”, alerta.