Prefeitos que apoiarão Moisés enfrentarão o bônus de uma administração com muito dinheiro e muitas obras e o ônus de uma gestão na saúde fracassada.
A parceria entre o prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli, e o governador Carlos Moisés tem dado o que falar na política catarinense. Ponticelli reconhece, com o sentimento de gratidão, a grana vinda a região, para realização de demandas históricas.
É um movimento político ousado, já que Ponticelli tem avalizado um governo cheio de altos e baixos. Patinou no início. Na segunda metade, com muita grana no cofre - devido revisões contratuais, reforma administrativa, excesso de arrecadação e verbas do governo federal (inclusive deixando de pagar bilhões a União durante a pandemia), o comandante foi generoso com os municípios.
Mas vamos lá, o sucesso de uma área, não apaga o desastre que é a gestão em outra. O prefeito Joares e seus colegas chefes de executivos municipais estão preparados para avalizar também a crise na gestão da saúde?
Vamos lá...
Nem vou bater tanto no “Caso dos Respiradores”, mas é necessário deixar registrado que a secretaria estadual da saúde inocentou os servidores que fizeram a transferência dos R$33 milhões. A única punição foi 15 dias de suspensão a uma funcionária. Quer dizer: não foi Moisés, não foram suas indicações políticas, não foram os servidores, então, quem foi? Nem gosto de questionar muito, porque vai acabar sobrando pra mim (rs). Por mais que tenha convicção que os citados não tenham metido a mão, houve a tal responsabilidade administrativa. E quem disse isso foram os desembargadores que votaram unanimemente pelo impeachment do governador.
Quero lembrar que o rombo só não foi maior, porque a mídia denunciou os “super, hiper, ultra faturado” hospital de campanha, que seria instalado em Itajaí. Senão seriam mais de R$70 milhões indo pro ralo.
Depois de muitos avisos, o que era ruim, ficou desesperador. A falta de leitos pediátricos chegou ao limite. Duas crianças morreram por falta de vagas, em Floripa. Hoje (13), o Hospital Nossa Senhora da Conceição enviou nota informando que as portas do Centro Materno podem fechar devido a superlotação. Um dos principais motivos é justamente o fechamento dos mesmos setores dos hospitais Santa Terezinha, Braço do Norte, e São Camilo, em Imbituba.
Pergunto novamente, os prefeitos que estão aqui na ponta vão endossar e avalizar a gestão de saúde do Governo Moisés, afinal os dedos serão apontados pra eles, que estão em contato direto com o cidadão?
Em Tubarão, o prefeito Ponticelli goza de grande popularidade. Um dos pontos que fizeram Joares ter altíssimos índices de aprovação foi o grande trabalho realizado pelo diretor-presidente da Fundação de Saúde, Daisson Trevisol, em uma área que sempre foi extremamente complicada na cidade. É muito conveniente para o comandante do estado ter o prefeito tubaronense ao lado.
Sinceramente, eu não confiaria. Afinal, há uns meses, o próprio governador deixou no ar, em uma igreja evangélica, que o Ponticelli trabalhava contra obras na região. Eu não esqueci e ainda tenho o vídeo.
Voltamos a saúde...
Onde está o Keppra, Governo de SC? Um menino de oito anos, que tem constantes crises convulsivas não recebe há meses o medicamento. A mãe vai na Farmácia Básica (setor administrado pela PMT, olha o link, prefeito) e dá com a cara na porta. A responsabilidade é do estado, sempre bom frisar.
Usar avião ambulância para uso pessoal e político?
E as milhares e milhares de cirurgias eletivas que não estão sendo feitas? Aliás, nesta semana vamos trazer um caso de um vigia, que está num quadro de cegueira, porque espera há dois anos um procedimento de catarata.
Nem vou falar na gestão da pandemia, quando decretos determinaram o fechamento de diversos estabelecimentos no estado, sem que 20% dos leitos de UTI estivessem ocupados.
Sei que os prefeitos nunca viram tanta grana e, acreditem senhores alcaides, o Governo de SC também não. Se vão trabalhar na candidatura do governador, tenham ciência que vocês enfrentarão o bônus de um governo com os cofres cheios e muitas obras e o ônus de uma gestão na saúde fracassada.