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Segurança

'Nazistas têm se sentido mais à vontade para agir', crê especialista após alta de atos criminosos em SC

Para presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, há risco de violência contra grupos específicos. SC teve episódios recentes de pichações, carta com ameaças e gesto suspeito em manifestação.

04/11/2022 12h15 | Por: Redação | Fonte: G1 SC
Divulgação

Recentemente, o estado de Santa Catarina teve episódios ligados à ideologia nazista. Entre eles, a manifestação de um professor da rede pública que elogiou Hitler na web, o gesto suspeito em um protesto antidemocrático e a carta com ameaças contra gays, feministas, negros e asiáticos, enviada à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Todos os casos são investigados.

O g1 SC procurou especialistas para explicar a violência que envolve o nazismo e avaliar o aumento de casos. Eles alertaram para o perigo desta ideologia "que prega uma superioridade racial".

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Catarina, Rodrigo Sartoti, explicou o que é a ideologia nazista.

"É uma ideologia que prega uma superioridade racial, que acham que existe", resumiu. "É uma doutrina de extrema-direita, é uma doutrina que prega essa superioridade contra alguns grupos étnicos. É uma ideologia que não é só a tática em si, mas a doutrina prega isso, é contrária à democracia liberal, é antiliberal", continuou.

"A gente sabe o horror que foi o holocausto, foi resultado daquilo que o nazismo perpetuou", afirmou. O holocausto foi o episódio histórico que resultou no assassinato de 6 milhões de judeus pelo regime nazista.

Perigos

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos, o perigo da propagação da ideologia nazista é, inclusive, de violência física.

A lei número 7.716/1989 define os crimes resultantes de preconceito. No parágrafo primeiro do artigo 20, ela aborda o nazismo.

Está escrito que é crime "fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo".

"Há um risco muito concreto, espero que não aconteça, de violência a grupos específicos, negros, pessoas LGBT, mulheres, pessoas com deficiência. Também há o perigo da perda de conquistas de direitos desses grupos", afirmou.

A professora do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Mariana Joffily falou sobre consequências na política.

"A questão é compreender o que exatamente está sendo exaltado e reverenciado nessa reapropriação de símbolos e gestos nazistas. Tudo indica que é uma concepção de política na qual a disputa saudável entre diferentes projetos, civilizada e mediada pelo jogo democrático é totalmente negada", disse.

"Os adversários são reduzidos a uma categoria única, de inimigo, que deve ser combatido e mesmo, exterminado. Essa concepção de política nega a própria política, na medida em que a sociedade, a coletividade é negada em suas diferenças e multiplicidade. E, claro, é sumamente antidemocrática e autoritária", completou a professora.

Propagação em Santa Catarina

A propagação de ideias nazistas em Santa Catarina não é de hoje, conforme Sartori. "Não é algo novo, ocorre há décadas, desde a Segunda Guerra Mundial", disse. Segundo ele, havia o intercâmbio de ideias entre o estado catarinense e a Alemanha nazista nas décadas de 1930 e 1940.

Sartori disse, porém, que a propagação tem aumentado recentemente. "As pessoas [nazistas] têm se sentido mais à vontade para agir, fazer pichações, por conta da conjuntura, do crescimento de uma extrema-direita violenta, que tem se colocado contrária a pautas das mulheres, LGBT, pessoas em situação de rua, racismo", afirmou.

Ele opinou sobre uma forma de diminuir a propagação da ideologia nazista.

"É importante a criminalização, propagação do nazismo é crime no Brasil. Mas a gente precisa atuar não apenas no campo criminal, precisa educar as pessoas, ensinar as pessoas que essa doutrina não pode ser propagada, precisa ser rechaçada. A ideologia em si é racista, antiliberal, antidemocracia. Isso é o mais importante: por meio da educação, a gente consegue resolver. A gente não pode mais tolerar isso".

Atos nazistas em SC

Santa Catarina registrou episódios recentes de apologia ao nazismo. Nesta quinta-feira (3), uma carta com conteúdo de ódio endereçada ao Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi encaminhada à Polícia Civil.

No texto, o grupo prega ódio contra gays, feministas, negros, gordas e asiáticos, e diz que a polícia não o intimida. Além disso, a universidade foi alvo de diversas pichações nazistas.

Outro episódio no estado é investigado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Na quarta (2), um grupo de manifestantes fez um gesto semelhante a uma saudação nazista durante um ato antidemocrático em São Miguel do Oeste, no Oeste catarinense.

A apuração preliminar do órgão apontou que não houve intenção de apologia ao nazismo. Porém, o relatório foi enviado à 40ª Promotoria de Justiça da Capital, que vai continuar a investigação.

Com informações do G1 SC

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