Organização captou investidores de pelo menos 18 países prometendo lucros acima do mercado. Prisões aconteceram no Litoral Norte de Santa Catarina.
A organização criminosa investigada por fraudes e que pode ter lesado pelo menos 25 mil pessoas em mais de 18 países usava esmeraldas falsas como garantia para captar quase meio bilhão de reais, segundo a Polícia Federal (PF).
Nesta terça-feira (5), a PF cumpriu três mandados de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão com foco em Balneário Camboriú, Itajaí, Itapema, três das principais cidades do Litoral Norte de Santa Catarina.
Conforme o delegado da PF, Maurício de Brito, o grupo levava os investidores para uma área em Tocantins, onde supostamente seriam lapidadas esmeraldas e outros minérios.
"Construíram uma cooperativa e traziam esses captadores do exterior, principalmente da América central e América do Sul, e vendiam como se fosse uma empresa existente. Mostravam as esmeraldas, todas falsas, e iludiam essas pessoas, que traziam mais investidores para a empresa", contextualiza.
As diligências também aconteceram em Ilhota (SC), Farroupilha (RS) e Paraíso do Tocantins (TO).
Funcionamento
O grupo teria lesado milhares de clientes pelo mundo a partir da captação de investimentos, através de Bitcoins, oferecendo promessas de altos lucros, bem acima do mercado, que nunca eram repassados aos investidores.
Para dar garantias aos clientes, o grupo simulava atuação na atividade de extração de esmeraldas. Os criminosos também usavam páginas na internet para promover falsos benefícios da empresa, incluindo bancos digitais próprios.
O prejuízo estimado é de 100 milhões de dólares, quase meio bilhão de reais.
"Para promover uma maior credibilidade ao falso investimento, a Orcrim convidava pessoas em destaque na mídia para viajarem ao Brasil, onde participavam de eventos, recebiam valiosos prêmios, e lhes eram apresentadas supostas áreas de mineração e lapidação de pedras preciosas", detalhou a PF.
A 1ª Vara Federal de Itajaí autorizou o bloqueio e sequestro de bens dos investigados. Registros da operação, divulgados pela PF, mostram agentes recolhendo pedras preciosas, barras de ouro, Ferraris e até uma aeronave.
Como os nomes dos suspeitos não foram divulgados, a reportagem não localizou as defesas deles para se posicionarem até a última atualização desta reportagem.
Apesar da estimativa de 25 mil clientes lesados, até o momento foram identificadas 2,5 mil vítimas diretas em países da América do Sul e Central, além de algumas no Brasil.
Os alvos das buscas foram indiciados por associação criminosa, lavagem de dinheiro, estelionato e crimes contra o sistema financeiro nacional e a economia popular. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 30 anos de prisão.
Mandados da operação 'Lanterna Verde'
Balneário Camboriú (SC) - 2 de prisão preventiva e 3 de busca e apreensão
Itapema (SC) - 1 de prisão e 2 de busca e apreensão
Itajaí (SC) - 1 de busca e apreensão
Ilhota (SC) - 1 de busca e apreensão
Farroupilha (RS) - 2 de busca e apreensão
Paraíso do Tocantins (TO) - 2 de busca e apreensão