Polícia Civil também trabalha nas investigações. Caso foi em José Boiteux, no Vale do Itajaí.
Uma criança indígena de 6 anos moradora de José Boiteux, no Vale da Itajaí, ficou 10 dias à espera de uma vaga de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), após ser espancada em uma aldeia da região. O caso veio à tona após manifestação do Ministério Público Federal (MPF), que solicitou ao Estado transferência hospitalar imediata da criança.
A internação solicitada ocorreu em 1º de maio, quando o menino foi para o Hospital Infantil de Joinville, a quase 180 quilômetros de José Boiteux. A direção do hospital informou, nesta terça-feira (3), que a vítima segue internada em estado grave. O g1 SC tentou contato com a Secretaria de Estado da Saúde, mas não teve retorno até a última atualização da matéria.
O MPF disse que as circunstâncias do espancamento serão investigadas. Detalhes do crime não foram repassados pelo órgão, já que o caso envolve uma criança.
De acordo com a Polícia Civil, o menino mora com os avós na aldeia Figueira e teria sido agredido na escola onde estuda, em 22 de abril. O delegado Juliano Bridi informou que mãe e o padrasto da criança vivem em outra aldeia da região.
Espera por vaga
Após ser espancada, segundo o MPF, a criança foi levada em estado grave a um hospital de pequeno porte em Ibirama, também no Vale do Itajaí, enquanto aguardava uma vaga em UTI.
A vítima só foi transferida para o Hospital Infantil de Joinville depois de decisão liminar (temporária) da Justiça Federal, que determinou que os réus promovessem "todas as medidas necessárias para transferir, de forma imediata, a criança indígena para hospital de referência, público ou privado". O não cumprimento da decisão acarretaria em uma multa diária de R$ 100 mil.
Investigação
Segundo o delegado, a mãe do menino registrou um Boletim de Ocorrência e contou que o episódio aconteceu na saída da escola, que fica na aldeia Barragem. De acordo com o relato, a vítima teria ido defender uma amiga de garotos mais velhos, quando foi agredido por eles.
Depois disso, conforme Bridi, eles teriam ido para a casa e uma equipe da Secretaria Especial de Saúde Indígena foi visitá-los e orientou a família a levar o menino ao hospital, pois a febre estava alta e ele estava com suspeita de fratura.
Desde a chegada à unidade de Ibirama, o quadro já era considerado grave, por isso o Hospital Doutor Waldomiro Colautti tentou transferi-lo para um local que tivesse UTI pediátrica.
Com a negativa de outros hospitais, que justificaram não haver vagas para crianças, a Fundação Nacional do Índio (Funai), que acompanhava a história, acionou o Ministério Público Federal.
O MPF diz ter tentado resolver a questão extrajudicialmente. Como não conseguiu, moveu uma ação contra a União e o governo do Estado no domingo (1º) e exigiu que a transferência ocorresse imediatamente.
Com informações do G1 SC