"É fundamental que o Ministério da Saúde descentralize os testes para os laboratórios estaduais", afirma superintendente de Vigilância em Saúde do Estado
Santa Catarina teve 33 novos casos de varíola dos macacos confirmados nos últimos nove dias. Do total de 69 infecções no Estado, oito foram confirmados apenas nas últimas 24h. De acordo com o superintende de Vigilância em Saúde de Santa Catarina, Eduardo Macário, o número pode ser maior nos próximos dias.
Segundo Macário, o Estado estima que pelo menos metade dos 245 casos em investigação para a doença sejam confirmados. Estes casos são de pessoas que estão com suspeita da doença e aguardam o resultado dos exames.
Sobre o aumento dos últimos dias, Macário atribui 3 motivos:
“Sensibilidade da rede” – Isto significa que os profissionais estão mais atentos aos casos de varíola dos macacos. Leram e aprenderam mais sobre a doença e, assim, conseguem diagnosticar e tratar melhor a doença;
Em segundo lugar, o superintende explica que as pessoas estão mais atentas aos sinais da doença. É “natural” que o número de notificações aumente, até mesmo de pessoas que têm outra doença que pode ser confundida com a varíola dos macacos, como psoríase ou aftas, por exemplo.
Em terceiro lugar, Macário explica que algumas pessoas não fazem o isolamento corretamente. Estas pessoas estariam demorando para buscar os serviços de saúde, mesmo com sintomas da doença. “Muitas acabam não procurando os serviços de saúde por medo de ter a doença. A verdade é que o melhor a se fazer é buscar um serviço de saúde. Só assim elas terão um tratamento e acompanhamento adequado”. O superintendente explica que, ao isolar-se, a pessoa evita espalhar a doença, o que “diminui a cadeia de transmissão”.
Estado poderia fazer exames
Outro motivo listado por Macário ao aumento do número de casos é que Santa Catarina realizou no próprio Estado a testagem de varíola dos macacos. Isto foi possível porque o Instituto Adolfo Lutz do Rio Grande do Sul emprestou insumos ao governo de Santa Catarina.
“Conseguimos fazer 50 exames com estes insumos. Antes, precisávamos enviar para São Paulo para ter os resultados, o que demorava cinco ou sete dias. Aqui, conseguimos ter os resultados em 24 horas. Se a pessoa recebe o resultado mais rápido, ela se isola mais rápido”, explica.
Segundo Macário, o Estado tem equipamentos e mão de obra suficientes para realizar os exames em Santa Catarina. O que precisaria agora é de insumos para os testes. Segundo ele, é preciso que o Ministério da Saúde envie estes itens.
“É fundamental que o Ministério da Saúde descentralize os testes para os laboratórios estaduais. Hoje, só oito laboratórios no Brasil fazem os exames. Santa Catarina tem todos os equipamentos, o que falta são os insumos”, cita.
O superintendente explica que o governo estadual fez a compra de insumos, mas que o fornecedor pode demorar cerca de 30 dias para entregar os itens. A entrega faz parte de uma série de leis que regem os processos licitatórios no Brasil.
Vacinas
Sobre a vacinação em Santa Catarina, Macário afirma que o Estado tem insumos suficientes para começar a aplicação de imunizantes contra a varíola dos macacos, assim que forem enviados pelo Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), na noite dessa terça-feira (23), a análise da vacina para a prevenção da varíola dos macacos, com o pedido de registro.
“Na avaliação, a Agência irá considerar as diretrizes regulatórias estabelecidas na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 747, de 19 de agosto de 2022, e o fato de a Vacina Vírus Ankara Modificado, vacina jynneos, do fabricante Bavarian Nordic, ter sido avaliada por autoridades reguladoras estrangeiras equivalentes à Anvisa (AREE)”, informou a Anvisa.
De acordo com a Agência Brasil, o processo de avaliação passará pela Comissão Técnica da Emergência Monkeypox, criada pela Anvisa. A decisão final será deliberada pela Diretoria Colegiada da Agência.
Com informações do HCNotícias