Nesta quinta-feira, Santa Catarina confirmou transmissão local do vírus
Em situação de emergência, decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o mundo enfrenta aumento constante no número de casos da varíola dos macacos. Ao todo, 18 mil pessoas já positivaram para a doença. No Brasil, pelo menos 978 casos já foram confirmados — seis deles em Santa Catarina, que confirmou nesta quinta-feira (28) transmissão local do vírus.
A preocupação é, atualmente, a transmissão através do sexo. Segundo a OMS, a maioria dos casos notificados ocorreu em relações sexuais, principalmente entre homens. A organização chegou a fazer um alerta para este público, mas ressaltou que o risco não está restrito apenas a eles.
Para o infectologista Marcelo Otsuka, da Sociedade Brasileira de Infectologia, "é dificil dizer que [a doença] é sexualmente transmissível", até porque há casos de pessoas que se contaminaram usando preservativo. O que se pode afirmar, até o momento, segundo ele, é que o vírus é repassado por contato íntimo.
— A gente observa o vírus no sêmen mas não em uma quantidade que talvez seja suficiente para provocar doença. A gente observa que mesmo quando são utilizados protetores, como camisinhas, ainda assim ocorre a infecção. Então o que a gente sabe é que a transmissão basicamente é por contato intimo — afirmou.
Por isso, o boato de que a camisinha não protege contra o vírus diz respeito ao fato de a doença ser transmitida através do contato íntimo, o que faz com que o equipamento não seja o único método de proteção.
Segundo a infectologista Carolina Ponzi, a transmissão da doença acontece também através de vias respiratórias e o contato com as lesões e secreções da pessoa infectada. O que não exclui a transmissibilidade de forma indireta, através de lençois, toalhas e objetos pessoais.
— Contato inítimo: beijo, dormir na mesma cama. Temos histórico de transmissão vertical também, via placentária, da mãe para o bebê. Pode acontecer através do sexo, mas não só. A população de homens homossexuais é a mais afetada, mas qualquer pessoa sexualmente ativa pode contrair a doença — explica a especialista.
Veja perguntas e respostas sobre o assunto
A varíola dos macacos é uma parente da varíola, doença que foi erradicada em 1980, mas menos transmissível, causa sintomas mais leves e é menos mortal. Ela geralmente dura de duas a quatro semanas e os sintomas podem aparecer de cinco a 21 dias após a infecção.
Os sintomas da varíola dos macacos, em sua maioria, começam com uma mistura de febre, dores de cabeça, dores musculares, dores nas costas, calafrios, exaustão e linfonodos inchados.
O Jornal Diário Catarinense conversou também com o infectologista Fábio Gaudenzi, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), que respondeu alguns questionamentos sobre o assunto. Confira:
A varíola dos macacos pode ser considerada uma doença sexualmente transmissível?
Até o momento, pelas informações disponíveis, a varíola dos macacos não é considerada uma doença sexualmente transmissível (DST). Já que a forma predominante de transmissão é o contato com as lesões, independete da fase da doença. Até que as lesões não sejam completamente cicratizadas, a varíola dos macacos será transmissível.
Quais os perigos da doença?
É uma nova doença que não circulava globalmente e está sendo introduzida na maioria dos países, então isso traz preocupações. A maioria dos pacientes tem casos leves, mas um pequeno grupo mais sucetível pode evoluir pra casos graves, e existe esse risco para esses grupos mais vulneráveis.
Qual o comportamento do vírus?
O comportamento é diferente do que a gente vê com o coronavírus e a Influenza que têm a capacidade de transmissão muito alta, em ambientes de aglomeração, por exemplo. Na monkeypox é preciso um contato muito próximo, desprotegido, ali com as lesões. Seria mais difícil a transmissão, o que sempre favoreceu para que ela não se espalhasse para outros continentes.
O que pode ser feito para controlar a doença?
Até o momento, segundo surtos que ocorreram antes desse grande surto, em diversos países, é que a taxa de transmissão é menor que 1, o que significa que a doença se extingue por si só. Como a encubação é prolongada, quando você identifica um caso é possível quebrar a cadeia de transmissão isolando o paciente. Está se estudando também o uso de vacina, eu vacino os casos positivos. A estratégia vacinal, porém, não está definida no Brasil, apenas alguns países já iniciaram isso.
Com informações do NSCTotal