Doses do imunizante devem chegar ao Brasil entre setembro e outubro
Por causa do atual surto de varíola dos macacos (Monkeypox) no Brasil, foi anunciada a compra de 50 mil doses de vacina contra a doença, que devem chegar ao país nos próximos meses de setembro e outubro. No mundo, mais de 19 mil casos da Monkeypox foram confirmados em 76 países e, no Brasil, segundo Ministério da Saúde, ao menos 1,2 mil casos já foram registrados.
Diferentemente da Covid-19, a varíola é uma doença conhecida das autoridades de saúde e teve a primeira vacina desenvolvida ainda no século 18. No Brasil, durante a década de 1970, o imunizante era disponibilizado nos postos de saúde. Por volta de 1980, a vacinação contra a doença foi suspensa no mundo inteiro, após a erradicação da varíola.
Segundo o professor e virologista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Fonseca, as vacinas aplicadas atualmente usam um vírus vivo, o vaccinia, e têm a mesma base dos imunizantes antigos.
— O princípio é o mesmo, e a vacina de hoje é uma evolução daquelas [produzidas antigamente]. Elas eram mais reatogênicas, replicativas e causavam doenças leves. Com o passar dos anos, os laboratórios evoluíram e as vacinas de hoje nem na gente conseguem se multiplicar mais e não causam doença alguma — afirma.
De acordo com o virologista, os imunizantes contra a varíola são compostos pelo vírus atenuado, e que, quando aplicados nas pessoas, não conseguem se multiplicar no organismo humano, mas, possibilitam o desenvolvimento de uma resposta imune. Por terem o vírus contra a varíola em sua composição, eles também podem proteger da varíola dos macacos pela chamada imunização cruzada.
Vacinação em massa não é recomendada
A Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda a vacinação em massa para controlar o surto de varíola dos macacos e indica que a vacinação estratégica pode controlar a disseminação da doença.
De acordo com o professor Flávio Fonseca, o cenário atual é realmente bastante diferente dos anos em que a vacina da varíola era disponibilizada em grande escala.
— Era uma situação muito diferente. A varíola tinha 40% de mortalidade, era uma doença distribuída no mundo inteiro e tínhamos de 200 a 300 mil mortes por ano por causa da variola. Hoje você tem de ter um balanço muito amplo dos casos. Por isso há a estratégia que está sendo avaliada agora de vacinar quem está na primeira linha contra a doença. A outra estratégia possível é a vacinação em anel, que identifica quem tem varíola e vacina os contactantes primários dessas pessoas. Isso bloqueia o ciclo de transmissão da doença — explica o virologista.
Monkeypox em SC
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), até esta terça-feira (2), foram notificados 61 casos suspeitos de varíola dos macacos em Santa Catarina. Sete casos confirmados são de pessoas que moram no Estado (um de Leoberto Leal; um de Brusque; um de São José; dois de Florianópolis e dois de Joinville). Outro caso confirmado é de um morador de São Paulo que passou por SC.
Segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica, 22 casos de Monkeypox foram descartados em Santa Catarina e 31 continuam em investigação.
Com informações do NSCTotal