Ministério da Saúde diz que pretende normalizar abastecimento até setembro
Municípios de Santa Catarina têm feito racionamento da vacina BCG, que é aplicada com dose única em recém-nascidos para protegê-los da tuberculose, doença contagiosa e fatal. A medida se deve à diminuição da quantidade de doses repassadas pelo Ministério da Saúde, que diz enfrentar dificuldade na aquisição do imunizante.
A crise foi alertada pelo município de Tubarão, no Sul Catarinense e sob gestão Joares Ponticelli (PP), na última segunda-feira (1º), quando anunciou que havia reorganizado seu planejamento para aplicação da vacina devido a um cenário de desabastecimento nacional que teria sido comunicado pelo governo federal.
Ao Diário Catarinense, o secretário de Saúde da cidade, Daisson Trevisol, retificou a informação ao afirmar que se trata, na verdade, de baixa nos estoques nacionais, e não de desabastecimento total, o que diminuiu o volume repassado aos demais entes do Sistema Único de Saúde (SUS), os Estados e municípios no caso.
— Eles estão mandando 50% das doses que vinham antes para os municípios — afirmou Trevisol. Ele é também presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (Cosems-SC), que identificou o mesmo cenário em outras cidades catarinenses e mantém contato com o Ministério da Saúde.
À reportagem, a pasta do governo Jair Bolsonaro (PL) disse que a situação deve estar normalizada até setembro e que existe hoje um atraso no andamento da compra.
"A readequação do quantitativo ocorreu por conta da tramitação do processo de aquisição, que envolve compra, desembaraço alfandegário e autorização pela Anvisa para a entrada do produto no país, que posteriormente é enviado para análise do controle de qualidade do INCQS [Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde] antes de ser distribuído para todo o país", escreveu.
Enquanto isso, Tubarão, assim como outras cidades catarinenses com baixas mais sensíveis no estoques, tem adotado o racionamento da vacina BCG, a que costuma ser reconhecida pela cicatriz bem característica que deixa no braço de quem a recebe.
— Como a vacina vem em frascos com seis doses, não dá para a gente abri-los para aplicar só uma dose e desperdiçar o restante — disse. Essa mesma estratégia tem sido recomendada pela Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina (SES-SC).
"Como o frasco da vacina BCG é multidose e, após aberto, é necessário utilizar todo o conteúdo em até seis horas, recomenda-se sua utilização por meio de agendamento da aplicação da vacina ou centralização dos locais de aplicação, disponibilizando a BCG em lugares como, por exemplo, as maternidades", escreveu a SES-SC em comunicado.
A vacina BCG é de oferta obrigatória pelo SUS por integrar a lista de medicamentos essenciais do país e também o Programa Nacional de Imunizações (PNI).
O imunizante, que completou 100 anos de existência no ano passado, também integra a relação de fármacos essenciais da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ela estima que, em países nos quais a tuberculose é frequente, uma alta cobertura vacinal previne cerca de 40 mil casos anuais de meningite tuberculosa, quadro que se dá com o avanço da bactéria causadora da doença ao sistema nervoso do paciente.
Com in formações do NSCTotal