Governo da Espanha, que tem 242 casos confirmados da doença, autorizou a aplicação da vacina
As secretarias Estadual e Municipal da Saúde de São Paulo confirmaram nesta quinta-feira (9) o primeiro caso de varíola dos macacos (Monkeypox) no Brasil.
O caso é de um homem de 41 anos, residente na cidade de São Paulo, com histórico de viagem para Portugal e Espanha. Ele está internado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista, desde a última segunda-feira (6) e se encontra em bom estado clínico. As secretarias informam que todos os contatos desse paciente são monitorados.
A confirmação do caso só ocorreu nesta tarde, após a realização de exames feitos pelo Instituto Adolfo Lutz.
As secretarias estadual e municipal da Saúde de São Paulo investigam e monitoram ainda o caso de uma mulher de 26 anos que também vive na cidade de São Paulo. A paciente está internada em um hospital público da cidade é mantida em isolamento e seu quadro de saúde é estável. Esse caso foi notificado no dia 4 de junho.
Na última quarta-feira (8), o Ministério da Saúde informou que estava monitorando oito casos suspeitos de varíola dos macacos no Brasil.
Sobre a doença
A varíola dos macacos é uma doença causada por vírus e transmitida pelo contato próximo/íntimo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, este contato pode se dar por meio de um abraço, beijo, massagens, relações sexuais ou secreções respiratórias. A transmissão também ocorre por contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies que foram utilizadas pelo doente.
Não há tratamento específico, mas, de forma geral, os quadros clínicos são leves e requerem cuidado e observação das lesões. O maior risco de agravamento acontece, em geral, para pessoas imunossuprimidas com HIV/AIDS, leucemia, linfoma, metástase, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes e crianças com menos de 8 anos de idade.
“O Monkeypox causa uma doença mais branda que a varíola (Smallpox), mas em alguns pacientes de risco, como imunossuprimidos e crianças, ela pode se desenvolver de forma mais grave”, afirma a diretora do Laboratório de Virologia do Instituto Butantan, Viviane Botosso, em comunicado no site do instituto.
De acordo com a secretaria, os primeiros sintomas associados à doença são febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, linfonodos inchados, calafrios ou cansaço. De 1 a 3 dias após o início desses sintomas, as pessoas desenvolvem lesões de pele que podem estar localizadas em mãos, boca, pés, peito, rosto e ou regiões genitais.
O Instituto Butantan informou que essas lesões na pele evoluem em cinco estágios: mácula, pápulas, vesículas, pústulas e finalmente crostas, estágio final, quando as feridas caem. A transmissão do vírus ocorre, principalmente, quando há contato com essas lesões.
Para prevenir a doença, a secretaria destaca que é importante evitar contato próximo ou íntimo com a pessoa doente até que todas as feridas tenham cicatrizado; evitar o contato com quaisquer materiais que tenham sido utilizados pela pessoa doente; e higienizar as mãos, lavando-as frequentemente com água e sabão ou álcool gel.
Vacina
A vacina aplicada contra a varíola humana (Smallpox) mantinha alguma proteção contra a varíola dos macacos (Monkeypox). Mas, segundo o Instituto Butantan, esse imunizante deixou de ser aplicado há muito tempo, já que a varíola humana foi erradicada no início da década de 80. Com isso, pessoas com idade inferior a 40 anos nunca foram imunizadas no Brasil.
O Butantan informa que, atualmente, há uma vacina contra a varíola humana, indicada também contra a varíola dos macacos, produzida pela farmacêutica dinamarquesa Bavária Northean. No entanto, essa vacina não é produzida em larga escala, ou seja, não há um número de doses suficiente para distribuição em escala mundial.
Espanha autoriza vacina contra varíola do macaco
O Ministério da Saúde espanhol anunciou nesta quinta-feira (9) que deu sinal verde à vacina contra a varíola do macaco, que será aplicada a pessoas que tiveram contato com casos positivos e são de “alto risco”.
“No momento, levando em conta a disponibilidade limitada de doses, a vacinação é priorizada” para pessoas que tiveram exposição à doença “com alto risco de gravidade”, disse o ministério em comunicado.
“A vacinação pré-exposição não é recomendada neste momento, embora possa ser recomendada posteriormente, dependendo da evolução do surto e da disponibilidade de vacinas”, acrescentou.
O governo espanhol anunciou em maio a aquisição de vacinas Imvanex e antivirais Tecovirimat por meio da Autoridade Europeia de Preparação e Resposta a Emergências de Saúde (HERA).
Não existem tratamentos ou vacinas específicas para a varíola do macaco, mas os surtos podem ser controlados com a vacinação contra a varíola, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na Espanha, foram confirmados 242 casos positivos de varíola do macaco, uma doença infecciosa causada por um vírus transmitido aos humanos por animais infectados.
A doença, que foi identificada pela primeira vez em humanos em 1970 na República Democrática do Congo, agora é considerada endêmica em uma dúzia de países africanos.
Seu surgimento em países não endêmicos é o que preocupa os especialistas. No entanto, até agora os casos confirmados em regiões não endêmicas são geralmente benignos e nenhuma morte foi relatada.
Com informações do ND+