Estado tem terceira maior cobertura do país após um ano de imunização, mas ainda tem desafio de buscar cerca de 5% da população
Um ano após o início da campanha de vacinação contra Covid-19, Santa Catarina ainda tem 297 mil pessoas acima de 12 anos não vacinadas, que sequer tomaram a primeira dose. O número equivale a 4,86% da população total do Estado acima desta idade, grupo que já vem recebendo o imunizante nos últimos meses.
A partir desta semana, com a chegada das vacinas pediátricas, crianças de 5 a 11 anos também podem receber a primeira dose de vacina contra a Covid. Somando este grupo, SC tem 940 mil pessoas que ainda não foram vacinadas — 13,89% da estimativa populacional do Estado acima de 5 anos, que é de 6,7 milhões de habitantes.
SC se tornou esta semana o terceiro maior estado na proporção de pessoas vacinadas no país, atrás apenas de São Paulo e do Piauí. O número foi registrado depois que SC voltou a divulgar balanços das doses aplicadas, depois de quase um mês de apagão de dados relacionado ao ataque hacker no sistema do Ministério da Saúde.
Nesse período, os números ficaram quase que estagnados, baixando de 321 mil para 297 mil pessoas não vacinadas no Estado (de 5,25% para 4,86% da população acima de 12 anos, elegível à vacina adulta).
Ao longo de todo o primeiro ano de campanha de imunização no Estado, no entanto, o número de não vacinados foi despencando de forma expressiva à medida que a vacinação avançava.
A maior redução ocorreu entre maio e outubro. Com mais disponibilidade de vacinas que levaram a imunização a grupos mais jovens, o percentual de não vacinados chegou a cair até seis pontos percentuais da população em uma semana.
SC tem vantagem também na comparação com outros Estados do Sul. Segundo o Monitor da Vacina da NSC, o Rio Grande do Sul tem 21,96% da população não vacinada e o Paraná, 22,15%.
Estado orienta busca ativa aos municípios
Apesar do indicador positivo na cobertura da vacinação, ainda há pouco menos de 300 mil pessoas a serem atendidas ainda com a primeira dose, além das crianças, que começaram a receber a vacina nessa semana.
A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC) afirma que a cobertura vacinal é calculada com base em estimativas populacional. Por isso, essas pessoas que aparecem como ainda não tendo tomado sequer a dose 1 podem ter mudado de cidade, morrido ou então, de fato, não terem recebido a vacina.
A Dive-SC afirma que a estratégia de vacinação é de responsabilidade dos municípios, mas que o Estado orienta desde o início da campanha que as cidades façam busca ativa e definam estratégias para chegarem a esse público, que já poderia ter tomado a primeira dose, mas ainda não o fizeram.
O consultor em saúde da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam), Jaílson Lima, cobra que o Estado deveria fazer campanhas para atrair esse público a se vacinar. Ele lembra que quando consideradas as pessoas que não tomaram a primeira ou a segunda dose, o número se amplia significativamente — são 843 mil pessoas, ou 13,77% da população acima de 12 anos. Segundo ele, imunizar essas pessoas é fundamental, ainda mais no momento atual da pandemia, em que a alta da variante ômicron tem esgotado os serviços de saúde nos municípios.
— Os municípios estão fazendo busca ativa, estamos orientando os prefeitos a defenderem que as crianças voltem às aulas somente com vacinas, mas está na hora de medidas pró-ativas também do Estado — cobra o dirigente.
Informação contra o medo da vacina
A médica-infectologista Carolina Cipriani Ponzi avalia que há várias causas para a não imunização, e acredita que os convictos contra a vacinação são minoria.
— Não é que elas sejam todas antivacina, mas elas têm medo, receio, pouca informação sobre as vacinas, de maneira geral obtida por fontes deturpadas, que causam medo, pânico, e com isso as pessoas acabam tendo mais medo da vacina que da doença — afirma.
Carolina lembra que esse grupo de pessoas não vacinadas pode formar um bolsão de contaminação e favorecer até mesmo o surgimento de novas cepas mais graves ou contagiosas. Não bastasse isso, podem alijar essas pessoas também de eventos, viagens e outras situações em que o comprovante de vacinação já é exigido.
— A gente teme por eles individualmente, mas também pela sociedade, pelo mundo como um todo porque isso pode favorecer o surgimento de novas cepas. A ômicron, por exemplo, foi identificada na África do Sul, e em poucas semanas estava circulando aqui em Chapecó. A gente hoje se movimenta muito rapidamente no mundo, e o vírus se movimenta com a gente. Esses impactos precisam ser pensados — alerta.
A infectologista diz que o Brasil sempre teve um programa ativo de imunização e que por isso é possível, sim, chegar também a esse último grupo que ainda não tomou sequer a primeira dose.
— Se houver acompanhamento, se o poder público oferecer informação correta, apoio no período pós-vacinal, tenho certeza que dá para reverter (a situação dessas pessoas) — avalia.
Com informações do NSCTotal