Joana de Gusmão teve duas mortes de crianças que aguardavam em fila por internação em meio a crise
O Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, referência em Santa Catarina no atendimento a crianças, vai instalar contêineres em frente ao seu prédio para poder ampliar os atendimentos. Na unidade, já foram relatados dois casos recentes de mortes de pacientes que aguardavam na fila por uma internação, em meio à crise de lotação de hospitais, em especial das alas pediátricas, que atinge todo o Estado.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES), sob gestão Carlos Moisés (Republicanos) e à frente do hospital, diz que a estrutura provisória será utilizada como uma porta de entrada, onde será feita a triagem de pacientes e o atendimento aos casos mais brandos. Crianças em condições mais graves dos que as que recebem classificação azul ou verde serão encaminhadas para atendimento em consultório.
A SES diz que a opção pelos contêineres se deu devido ao prédio do hospital não comportar mais ampliações. A unidade já recebeu três novos leitos de UTI neonatal e outros oito de cuidados intermediários pediátricos desde que o Estado decretou emergência em saúde. Há previsão ainda de serem abertos no local mais 13 leitos clínicos e 10 de UTI e semi-intensivo, segundo o secretário estadual da Saúde, Aldo Baptista Neto.
Para serem feitos os atendimentos nos contêineres, a SES abriu ainda edital para a contratação emergencial de 20 pediatras, conforme anúncio feito nesta quarta-feira (13). Já na manhã desta quinta (14), uma reunião entre técnicos da pasta era realizada para ser definido o horário em que a estrututura provisória seria instalada.
Devido à lotação do hospital, crianças e bebês em estado grave têm sido acolhidas na área de emergência da unidade, inapropriada para uma internação. Já quem busca um primeiro atendimento emergencial precisa esperar até 10 horas por isso, segundo representantes do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) relataram ao Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) na última sexta (8).
A crise de lotação se estende a todo o Estado, mas teve episódios mais graves também no Joana de Gusmão, de mortes de crianças que aguardavam internação. A última delas ocorreu na segunda (11). A SES diz que, em ambos os casos, o hospital recebeu os pacientes já em estado demasiadamente grave e prestou todo o atendimento possível.
A gestão Moisés tem reforçado que a superlotação dos hospitais é motivada por um surto de doenças respiratórias e que isso está associado às baixas taxas de vacinação.
Apenas 50,6% dos menores de 12 anos no Estado foram vacinados contra a gripe neste ano. No caso da imunização contra a Covid-19, só 48,35% das crianças de 5 a 11 anos receberam a primeira dose — menores do que isso não têm vacinação liberada pelo governo federal, o que já ocorre nos Estados Unidos, por exemplo.
Com informações do NSCTotal