Prefeitura de Forquilhinha vai cobrar participação da Prefeitura de Criciúma no custeio da obra
A Prefeitura de Forquilhinha anunciou a conquista da licença ambiental para a primeira etapa de desassoreamento do rio Sangão. A obra, orçada em R$ 10 milhões, prevê limpeza profunda em oito quilômetros de extensão do rio e deve iniciar até agosto, conforme estimativa dada pelo prefeito José Claudio Gonçalves, o Neguinho, em evento na tarde desta quarta-feira, dia 21.
Com a licença ambiental obtida junto ao Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), a prefeitura deve lançar até sexta-feira, dia 23, o edital licitatório para contratação da empresa que executará o projeto. “Cada chuva mais intensa alagava tudo e enchia as ruas e residências. Eu andei de bote no rio, neste trecho que vamos desassorear, e é uma obra de impacto social muito grande e muito sonhada”, justifica o prefeito.
Entre os bairros beneficiados com o desassoreamento do rio Sangão estão Cidade Alta, Ouro Negro e Nova York, todos em Forquilhinha, além do Sangão, em Criciúma. “Algumas comunidades de Maracajá também serão beneficiadas, mas o impacto direto é sobre Sangão e os de Forquilhinha”, explica Neguinho.
“Eu moro no bairro Cidade Alta e já perdi muita coisa. Com essa liberação a gente volta a respirar, a ter qualidade de vida. Faltava vontade política, são em torno de 120 casas atingidas por enchente e há uma semana tivemos aflição com a chuva, com a possibilidade de enchente e graças a Deus não pegou a nossa região”.
Jailson da Silva Rosa, morador do bairro Cidade Alta
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Divisão do custo
Diante do benefício causado para as famílias que moram no bairro Sangão, em Criciúma, o prefeito de Forquilhinha entende necessária a divisão do custeio também com a Prefeitura de Criciúma. E vai encaminhar um ofício solicitando ao prefeito Clésio Salvaro o repasse de 50% do valor total da obra.
“Agora somos do mesmo partido, mas estamos falando de gestão. Ele atende os interesses do município de Criciúma e eu atendo os interesses de Forquilhinha. Neste caso o interesse é comum, porque o rio Sangão favorece Forquilhinha e Criciúma. Não vou limpar apenas a parte de Forquilhinha, mas também a de Criciúma. Então é dever da Prefeitura de Criciúma ajudar com 50%”, argumenta o prefeito, explicando que não descarta judicializar o embate caso não tenha aceno positivo de Salvaro.
“Se não ajudar de forma amigável, vai ser judicial, com toda a certeza. Ele disse que iríamos conversar e acredito que vai encaminhar um projeto de lei para a Câmara e vai se responsabilizar pelo pagamento da metade dos recursos que o município de Forquilhinha vai utilizar”, afirma.
Vida no rio
A obtenção da licença ambiental durou cerca de nove meses. Para tanto, foi necessário o atendimento de necessidades apontadas pelo IMA, como local adequado para destinação do material que será retirado do rio. Estima-se que 200 mil metros cúbicos serão removidos do rio Sangão, devolvendo a perspectiva de restabelecimento da vegetação e fauna, conforme explica o coordenador regional do IMA, Ibanez Zanette.
“Não se trata de um desassoreamento como qualquer outro. Quando tira a turfa, ela é depositada às margens. No caso do rio Sangão existe um rejeito piritoso, que é da extração de carvão, que é contaminante. É um rio que não é habitado por peixes por essa contaminação. Então tivemos que dar fim adequado para esse material, que vai ser alocado em bota-fora próximo ao rio e depois que ficar seco será destinado ao local definitivo onde não terá a contaminação. Com o desassoreamento desta parte, com a revegetação da margem e a qualidade da água melhorando, com certeza a fauna do rio será restabelecida”, projeta.
Após a licitação e assinatura da ordem de serviço, a estimativa é que a obra dure cerca de seis meses. Caso a Prefeitura de Criciúma arque com 50% da despesa, Neguinho pretende usar os R$ 5 milhões de sobra para encaminhar o aumento da área desassoreada.