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Entrevista

Ideli quer ajudar a recolocar o PT em cenário de destaque

Liderança da sigla em Santa Catarina, Salvatti defende descentralização do ensino, ataca governo federal e quer ver Lula e Lédio Rosa de Andrade candidatos em outubro

27/02/2018 10h00 | Por: Redação

Ideli Salvatti | membro do Partido dos Trabalhadores (PT)

Qual o tema desse giro que a senhora tem feito pelo Estado?

Eu retornei ao Brasil e comecei a avaliar como poderia contribuir com o momento que o Brasil vive. Sempre tive uma militância marcante junto à Educação, em oito anos de sindicato, oito anos como deputada estadual e oito anos como senadora, além de cinco como ministra. Quando iniciamos o primeiro governo Lula, Santa Catarina tinha oito unidades de educação federais. Hoje tem 48. A UFSC atravessou a ponte e chegou ao interior do Estado. Muitas cidades receberam o IFSC, como Tubarão. É preciso defender esse modelo dos dias difíceis que estão por vir.

A senhora passa por Tubarão após um longo tempo de trabalhos nos Estados Unidos. Quais os motivos de sua volta para Santa Catarina?

Fiquei dois anos e quatro meses trabalhando na Organização dos Estados Americanos (OEA), nos Estados Unidos. Renunciei ao cargo após a eleição de Donald Trump. Não dá para falar em direitos humanos com ele no cargo. Houve ainda a morte do reitor Cancellier, da UFSC, e o corte de investimentos em 20 anos. Precisei retornar ao Brasil. E aí comecei a reencontrar pessoas, que nos disseram que íamos passar tempos difíceis. Quero ajudar a combater isso.

O congelamento de investimentos é um argumento que o PT usa bastante para protestar contra o governo. Por quê?

Porque acaba tudo, eles estão na lógica de privatizar. Eles nem estão vendendo, eles estão entregando. As petroleiras estão levando nossas riquezas e ainda estão isentas de pagar imposto até 2040. Será que a população está raciocinando sobre o que está acontecendo? Com o Lula nós chegamos até a 6ª economia do mundo. Toda a riqueza que poderia sustentar nosso investimento foi entregue. O potencial que o Brasil tem foi comprovado. Nós temos terras, água em abundância, minérios. Só que quem está no comando hoje é o projeto político que foi derrotado nas urnas quatro vezes. Aí deram o golpe. E agora governam para entregar. E nosso investimento é congelado.

A situação do ex-presidente Lula, com uma eventual prisão, preocupa a senhora?

Eu nunca vi alguém ser proprietário oculto de um local. Ele nunca dormiu lá, apenas fez visitas porque tinha proposta. Se visitar apartamento dá propriedade vou começar a fazer isso. Tanto que depois da sentença de condenação sem prova nenhuma começaram a leiloar os bens da OAS para abater as dívidas da empresa. E agora estão entregando o Triplex. Só estão condenando o Lula para que ele não seja candidato. Eles não têm candidato. Esse projeto não ganha nas urnas.

Você já passou por muito tempo pelo Congresso. Como a senhora enxerga a tentativa do governo federal de reformar a previdência?

Em primeiro lugar que toda a propaganda que vem sendo feita para reformar a previdência tem sido mentirosa. Se você quer que a previdência se sustente é só gerar emprego. Mas não com contrato intermitente, com aquilo que inventaram. Quando você tem emprego e carteira assinada você tem um remédio para a previdência. Durante os governos do PT a previdência sempre teve superávit. É claro que você precisa fazer ajustes de tempos em tempos porque o perfil das pessoas muda. Mas aí você faz e coloca na mesa trabalhadores, empresários e governo. Mas eles querem cortar direitos e ninguém teria condição de se aposentar. Quem ia ter tempo de serviço para se aposentar? Graças a Deus agora deram pra trás. Como é que um motorista vai dirigir com 65 anos? Como é que um pedreiro vai carregar peso com 60 anos?

A senhora foi citada em delações no processo da Operação Lava Jato. Como está o andamento disso?

Sim, estou me defendendo na justiça. Uma das acusações já foi arquivada. Eles gostam de dizer que têm convicção, né. Então eu tenho convicção, mas também provas, de que todas as minhas campanhas foram feitas dentro da legalidade e da lei.

Você fala nesses problemas todos que o Brasil vive atualmente. O seu partido não conseguiu resolvê-los nos 13 anos que ficou no poder?

Eu acredito que ter sido a 6ª economia do mundo, tirar 40 milhões de pessoas da probreza, ter oportunizado moradia, o programa Mais Médicos, o programa Farmácia Popular, foi uma forma de contribuir. Todos esses programas que o PT desenvolveu são uma prova de que nós governamos para a maioria da população. Agora, corrigir 500 anos de desmando e de colonialismo não é fácil.

A senhora acredita na candidatura do desembargador Lédio Rosa de Andrade?

Eu não participei de nenhuma grande discussão sobre o assunto, mas acho que a candidatura do Lédio seria muito boa para o PT e para Santa Catarina. Ele é um jurista renomado, respeitado e corajoso na defesa de suas convicções. Poderia acrescentar muito ao debate politico, como ficou claro depois do episódio da morte do Cau (Cancellier, reitor da UFSC). Temos algumas etapas para vencer. Depois que ele estiver definitivamente aposentado, vai ter a oportunidade de se filiar e, se quiser, participar do processo eleitoral por deliberação do partido.

A senhora pretende se candidatar a algum cargo na eleição deste ano?

Não, definitivamente não. Eu entendo que já cumpri a minha tarefa neste sentido e existem pessoas com mais disposição que eu. Não vou deixar jamais de fazer política e defender o que eu entendo que seja o melhor para Santa Catarina e o Brasil, mas vou apoiar outras candidaturas que podem representar o partido e ajudar no que for possível. Pretendo defender as estruturas federais de ensino, mas não serei candidata a nenhum cargo.

Foto: Divulgação00
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