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Entrevista

Gerente de futebol do Atlético Tubarão projeta mais conquistas

Júlio Rondinelli falou sobre início da carreira, passagens pelo futebol catarinense e organização e estrutura encontradas quando chegou ao Tubarão, no ano passado

04/06/2018 14h06 | Por: Redação

Júlio Rondinelli – gerente de futebol do Atlético Tubarão

Júlio, como começou a sua vida dentro do futebol?

Eu já tenho uma carreira de pelo menos 11 anos atuando na função de gestor esportivo. Eu tive algumas experiências em clubes do interior de São Paulo, onde eu comecei a trabalhar. Estou em Santa Catarina há sete anos e trabalhei em alguns grandes times daqui. No Tubarão completo um ano com muito orgulho de ter não apenas atingido, mas também superado algumas metas definidas na minha chegada. Meu contrato foi renovado até o fim de 2019 e foi prontamente aceito. Agora espero dar sequência e torço para que esse próximo ciclo seja tão vitorioso quanto o primeiro.

Você veio para o Tubarão após um trabalho no Joinville. A passagem por lá gerou desconfiança?

Em uma carreira todos têm altos e baixos. Tenho mais altos, felizmente. Quando eu cheguei aqui existia alguma desconfiança por causa de meu último trabalho, no Joinville, onde fiquei por cinco meses. A estrutura era deficitária e até desonesta com os profissionais que ali trabalhavam. Quando eu cheguei aqui a gente conseguiu mostrar nosso trabalho com bastante humildade e ideias.

Você chegou a jogar ou tentar ser jogador de futebol?

Como todo garoto, eu jogava futebol da manhã até a noite. Cheguei a jogar futsal e em clubes amadores de futebol, mas eu nunca fui um atleta profissional. A exigência em casa era muito grande, por ter que trabalhar, por exemplo. Comecei aos 14 anos. Concluí o curso de direito com 22 anos perto de 23 anos. Aí fui trabalhar com a advogada do Sindicato dos Atletas em um escritório e ali eu estava em um meio que eu realmente sempre sonhei em estar, que era o futebol. Eu acompanhava as coisas sempre com muita facilidade de fazer amizade e abrir portas. Aproximava a área jurídica da área comercial, por exemplo. Em 2006 recebi o convite para trabalhar em Osvaldo Cruz (SP), um time bem pequeno. Aí houve sequência, com a revelação de muitos atletas. Então nunca joguei futebol, mas sempre vivi dele, estudando em todos os aspectos, buscando estar atualizado.

Além da graduação em Direito, você possui mais algum curso?

Eu fiz um curso de especialização em direito esportivo, até porque eu trabalhava com defesas disciplinares e com a advogada do Sindicato dos Atletas. Então a gente tinha uma vivência total, desde o Código Brasileiro de Justiça Desportiva até os contratos.

A sua passagem pelo Joinville foi a pior da sua carreira?

Ah, foi sim. Eu não recebi e acabei contratando alguns profissionais que trabalham no meio do futebol que também não receberam. Eles foram tratados com desrespeito pelo presidente que estava naquele momento. Mas é uma página virada, infelizmente tropeços acontecem.

E como surgiu, definitivamente, o Tubarão? Quando foi a primeira conversa, por exemplo?

Eu conheci o Luiz no dia anterior à queda do avião da Chapecoense. Eu fui no escritório dele, pois ele me chamou para conversar. Ele me falou do projeto e eu pensei que fosse positivo. Naquele momento não houve uma proposta, até porque o Mabília tomava conta de praticamente tudo. E aí eles deram sequência no primeiro ano na primeira divisão, mas segui acompanhando. Mas a relação com o Chávare (Júnior Chávare, diretor do Tubarão) que eu tenho é de muitos anos, de amizade e conhecimento. Em um determinado momento de dificuldade na competição ele me perguntou quem seria o treinador capaz de tirar o Tubarão daquele momento, e eu falei do Waguinho. Eu falei do Waguinho e liguei para ele a pedido do Chávare. Conheço ele há mais de 10 anos, do interior de São Paulo. Um cara que eu sempre respeitei e tenho o prazer de trabalhar com ele. Aí fiz a recomendação, de um cara que tem o retrospecto de resgate de equipes que estavam enfraquecidas. O Tubarão contratou o Waguinho, o contrato terminou e ele foi pra Bahia. E desde quando eu cheguei dizia que o nome continuava sendo ele. Depois trouxemos o Fernando Gil (auxiliar técnico), o Samuel (Vetorazzi, preparador de goleiros), o Agenor (Junqueira, preparador físico), com toda a equipe que montamos e o resultado é o que todos estão vendo.

Quando vocês vão ao mercado e procuram algum jogador, você levam em conta a forma de jogo praticada pelo técnico Waguinho Dias?

Nós temos claramente esse modelo estabelecido pelo Waguinho, até pela liberdade que o treinador tem, e também as variações que ele já usou. Então no momento de construção do elenco a gente leva isso muito em consideração. Não adianta trazer um meia sem dinâmica, que não vai jogar no elenco do Waguinho. Então temos que trazer jogadores que se enquadrem nesse sistema de jogo e a gente sabe mais ou menos as características dos laterais e dos zagueiros. Inclusive parece que jogam juntos há anos, mas não é assim. O Vinícius Baiano, por exemplo, entrou no time e está dando conta do recado.

Existe uma tendência para que os times profissionais e de base joguem da mesma forma. Isso acontece aqui?

Eu ainda entendo que os treinadores devam ter a liberdade de criar, como o Waguinho tem no profissional. Mas a base tem que levar em consideração o modelo de jogo praticado pelo Tubarão. Diferente do que diz o mercado brasileiro, de três, quatro meses de contrato para treinador, o Waguinho pode ficar mais alguns anos com a gente. Ele continua bem, com bons resultados e atingindo os objetivos.

Júlio, o objetivo de disputar a Série B do Brasileiro em 2025 continua de pé?

A nossa meta de 2015 não é ilusória, ela é real. Foi estabelecida pelo presidente e pelo clube. Nós estamos no primeiro ano de Série D e tratando a competição como se fosse o último campeonato. Essa derrota para o Novo Hamburgo foi a pior derrota da minha vida. Nós jogamos muito mal o segundo tempo. Não foi o Tubarão que a gente está acostumado a ver. Temos que trabalhar e aprender com esses erros, sabendo que o trabalho está sendo feito de forma equilibrada. Se o acesso acontecer esse ano nós temos no mínimo sete edições de Série C para atingir esse objetivo.

Como são, no Tubarão, as formas de resolver os problemas?

Eu uso sempre uma frase: eu não sou um administrador de problemas, eu busco solucionar os problemas. E a velocidade das decisões, a forma com que as coisas são decididas, sempre respeitando os critérios de profissionalismo, é o diferencial de Tubarão. Isso tudo foi estabelecido pelo presidente e seguido por nós do clube.

O apoio do torcedor tem sido importante para que os resultados apareçam?

O número de torcedores presentes, o número de pessoas que acompanha o crescimento das mídais sociais, o sucesso da loja. Tudo isso têm sido um diferencial para Tubarão atingir os objetivos dentro e fora do campo.

O projeto das escolinhas do Tubarão pode sair do papel nos próximos meses?

Existe esse projeto. O trabalho social que o Tubarão tem que fazer na cidade e na região. Eu e o Luiz discutimos sobre o Tubarão social. Essa ideia não vai ser só aqui na cidade. Isso deve sair do papel, até porque é interessante a gente fazer uma captação de atletas da região.

Foto: Comunicação CA Tubarão
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