Silvio Lisboa valoriza uso da tecnologia durante o trabalho dos policiais, comemora o aumento de investimento do poder público e garante: Tubarão é, sim, uma cidade segura
Silvio Roberto Lisboa | Tenente-coronel e Comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar de Tubarão
Comandante, comparando com um ano atrás, em suma, houve realmente uma mudança?
Eu só tenho a agradecer, sobretudo a parceria que a Polícia Militar está tendo aqui em nossa cidade e na região. São duas frentes de ajuda: o empenho de nossos policiais militares na resolução dos problemas na área de segurança pública e a parte da prefeitura, empresários e imprensa. Somos um grupo muito coeso e comprometido. Quando nós assumimos o comando, há um ano, era um assalto a mão armada a cada dois dias. A cidade estava desesperada. Nós fizemos um trabalho diferenciado. A questão das barreiras policiais, por exemplo, foi o grande aperto que nós demos no início do nosso comando. E nós continuamos com isso hoje. Nosso foco é a abordagem policial. Nesse caso dos assaltos, por exemplo, nós conseguimos prender três pessoas responsáveis em pouco tempo e acabamos com aquilo.
Qual o nível de segurança que existe, hoje, em Tubarão?
Hoje estamos em um nível aceitável. Não é o ideal. A população tem razão em reclamar. Temos furtos e outros casos que acontecem. Mas, se compararmos com outras cidades que têm o porte de Tubarão, nós estamos muito bem.
O uso da tecnologia em serviço é o seu principal foco?
Não é apenas a minha bandeira, mas é a da Polícia Militar. Desde 2015 estamos com essa tecnologia. São softwares que nos ajudam na leitura e na dinâmica da situação. Conseguimos orientação para o sentido que tomamos. Nós não estamos atirando no escuro, por exemplo. Nós estamos traçando operações com base em estatísticas reais do nosso cerco. Essa é a ideia.
Onde a população entra nesse processo de melhoria da sensação de segurança?
Com certeza ela faz parte. A Rede de Vizinhos (programa) é um grande exemplo. O Proerd também. Nossos policiais ajudam também na Rede de Segurança Escolar. Já são 10 unidades cadastradas. São quatro policiais trabalhando com o Proerd e com a Rede de Segurança na região. Temos também a Bike Patrulha, que nos ajuda bastante na relação com a comunidade. Mas com certeza a Rede de Vizinhos é a que mais está dando números satisfatórios. Os furtos e os roubos nessas áreas em que há uma Rede de Vizinhos bem montada, efetiva, em que os vizinhos fiscalizam e ajudam a Polícia Militar, são menores.
Vocês estão satisfeitos com as trocas recentes feitas no comando geral da PM, após a chegada do novo governador?
Com certeza. Tanto é que nosso Comandante Geral, Coronel Araújo Gomes, é um oficial que sempre trabalhou na ponta. Sempre no Batalhão. Por último ele comandou o 4º batalhão, que é o da Capital. Também comandou a região da Grande Florianópolis inteira. Ele trabalhou na maior concentração de população urbana do Estado, aprendeu muito e está aplicando na PM. Ele está movimentado efetivos e trabalhando nas áreas de maiores conflitos. Os índices de criminalidade são maiores em Florianópolis e Joinville. Então, trabalhando para diminuir esses índices, que assustam um pouco, diminui no geral. Eu ainda consigo andar em Tubarão desarmado, mesmo sendo policial. Ainda julgo que nossa cidade é segura.
A sociedade sempre discute a quantidade de câmeras de vídeomonitoramento em Tubarão. Quantas são hoje?
Sim, temos o projeto Bem Te Vi. Hoje temos 20 e Capivari de Baixo outras 20. Começamos com 12 doadas pelo governo do Estado e outras oito doadas por empresários. A manutenção delas é feita pelo Estado. Mas o que pega é a manutenção delas, que é muito cara. A internet do Brasil é muito cara. O Estado recebe muitas doações de câmeras e quer fazer parcerias com municípios, para que eles façam a manutenção, mas é difícil. O ideal seria que tivéssemos 200 câmeras, mas o custo é muito alto.
Então Tubarão está com um número bem abaixo do ideal, não?!
Mas aí trabalhamos com a hipótese de liberar para a Polícia Militar o uso das câmeras pessoais, de estabelecimentos, de empresas de segurança. Nós não vamos assumir a segurança, mas se eles liberarem o acesso pra gente, já ajuda bastante. Recentemente pegamos bandidos que agrediram uma médica em Tubarão porque conseguimos ver a placa do carro onde eles estavam através de uma câmera de um morador. Quanto mais câmeras de monitoramento, melhor pra gente. A cidade de São Paulo já faz isso. Nosso software está sendo desenvolvido.
Como anda a questão do efetivo por aqui?
Infelizmente, quando se fala em renovado, se fala em substituído, não em ampliado. Isso é uma pena, porque se todos eles fossem pra somar, aí sim. Foram mais de oito mil inclusões. Mesmo assim estamos com o mesmo efetivo de 1983, mas olha o aumento da população de lá para cá. Os três anos que mais se incluíram servidores na Polícia Militar de Santa Catarina foram 1981, 1982 e 1983. Então eles saem quase todos ao mesmo tempo.
E a parceria com a prefeitura, existe? É importante?
Eu te falo que é essencial. Hoje as obras que vocês veem no Batalhão, o conserto nas viaturas que estamos fazendo, a compra de equipamentos para os policiais, entre outras coisas, só está sendo possível graças aos convênios municipais. O prefeito Joares Ponticelli (PP) cumpriu o que disse. A administração anterior sequer fazia a transferência dos valores das multas pra gente. Aquele governo ficou três anos sem repassar a verba. Nós vivíamos só do governo do Estado. Mas o Estado repassa a viatura, o combustível e a alimentação, além do nosso salário. Fora isso, o município é quem tem que nos ajudar. Agora a prefeitura passa pra nós o convênio das multas, mais o da Rádio Patrulha e ainda vamos receber o dos Alvarás.
Crédito: Reginaldo Osnildo