Criminoso era um dos mais procurados pelas policias em SC
Na manhã desta terça-feira (29), uma operação do BOPE da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) resultou na morte de Geovani Salvio da Silva, conhecido como “Gê”, apontado como liderança de alta periculosidade do Primeiro Grupo Catarinense (PGC). A ação ocorreu por volta das 6h30 no bairro Barranceira, em Laguna (SC), durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão expedido pela Vara Criminal da Região Metropolitana da Comarca da Capital.
Segundo informações apuradas com exclusividade pela reportagem do Jornal Razão, a residência onde Gê estava escondido vinha sendo monitorada pelo serviço de inteligência. O imóvel, localizado na Rua Santa Maria, era suspeito de abrigar armamentos de uso restrito da facção. O mandado tinha como foco localizar essas armas, utilizadas em ações contra forças de segurança e em outras atividades ilícitas.
No momento da abordagem, o foragido não obedeceu às ordens de parada e tentou investir contra os policiais. Diante da ameaça iminente, a guarnição reagiu e efetuou disparos. O SAMU foi acionado, mas apenas constatou o óbito no local. A Polícia Civil e o Instituto Geral de Perícias (IGP) também foram chamados para a ocorrência.
Durante a varredura no imóvel, foram apreendidos:
• 01 pistola calibre .380 com numeração suprimida
• 15 munições calibre .380
• 32 munições calibre 5,56x45mm
• 01 kit RONE (acessório tático usado em armas longas)
• 01 capa de colete balístico
• 2,2 quilos de maconha
A ocorrência foi apresentada na Central de Flagrantes de Laguna.
Histórico de violência e fugas
Gê era considerado um dos criminosos mais perigosos de Santa Catarina. Sua ficha criminal é extensa, e seus antecedentes incluem envolvimento em diversos crimes desde a adolescência, incluindo assassinatos, tráfico, assaltos e ameaças.
Ainda menor de idade, ele foi apontado como participante na morte do policial civil Eliseu de Souza Junior, em 2010. Pouco tempo depois, em janeiro de 2011, foi identificado como autor do assassinato do turista argentino Raúl Alberto Baldo, de 48 anos, em Canasvieiras, na capital. Suas digitais foram encontradas no carro da vítima.
Em novembro do mesmo ano, fugiu de um Centro de Internação Provisória em Itajaí, sendo recapturado pouco depois. No início de 2012, escapou novamente, desta vez em Rio do Sul, apenas dois dias antes de completar 18 anos. Em fevereiro daquele ano, foi preso por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e suspeita de participação em uma série de assaltos e homicídios.
Mais recentemente, em 2023, Gê teve inquéritos por ameaça e violação de domicílio contra a ex-mulher. Já em 2024, foi preso em flagrante com um veículo roubado e autuado por receptação.
Alvo de “salve” interno
A morte de Gê ocorre em meio a uma guerra interna dentro do PGC, revelada com exclusividade pelo Jornal Razão em maio deste ano. Na época, documentos obtidos pela reportagem mostraram uma ruptura entre líderes da facção, com trocas de acusações, ameaças de morte e divisão de poder.
Gê era um dos principais alvos dessa disputa. Ele foi “decretado” pela própria cúpula do PGC — termo usado para indicar que estava condenado à morte pela organização — sob acusação de desviar armas do grupo. O “salve” contra ele causou espanto entre os membros da facção, já que ele era considerado uma liderança consolidada, com forte atuação na região do Monte Verde, em Florianópolis.
A guerra interna ficou ainda mais evidente com a circulação de vídeos de integrantes exibindo fuzis e mensagens com ameaças diretas a outros membros.
Os documentos divulgados no mês de maio mostravam dois blocos disputando o controle do PGC. Ambos se diziam legítimos representantes da facção e publicaram pareceres finais (PFs) com listas de membros “banidos” ou acusados de traição. Entre eles, figurava o nome de Gê.
Apoio aéreo e resposta tática
A operação desta terça contou com apoio do helicóptero do Batalhão de Aviação da PM. A atuação coordenada entre unidades táticas da corporação teve como objetivo não apenas a captura do foragido, mas a neutralização de possíveis ameaças associadas a armamentos ilegais.
Com a morte de Gê, a cúpula do PGC perde um de seus principais executores.
A Polícia Científica deve concluir nas próximas horas a perícia do material apreendido. A investigação será conduzida pela Polícia Civil, que também apura a possível participação de Gê em crimes recentes.