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08 DE JANEIRO: Manifestante relata condições desumana e inconstitucional pós evento já um ano

A empresária Camila Mendonça Marques conseguiu a soltura dia 08 de março de 2023 e tem encontrado sérias dificuldades de sobrevivência

08/01/2024 19h01 | Atualizada em 08/01/2024 18h16 | Por: Nilton Veronesi

O relato da empresária Camila Mendonça Marques mostra como os manifestantes do dia 08 de janeiro são tratados pela justiça. Presos tratados sem o mínimo de dignidade, sem direito de ampla defesa, sem terem nenhum contato com a família, que estava a milhares de quilômetros de Brasília. Triste, comovente e ainda mais dramático, quando lemos notícias diárias de bandidos realmente perigosos recebendo o afago do judiciário e dos direitos humanos. 

“O dia 08 de janeiro de 2023 foi um divisor de águas na minha vida. Antes desta data, tudo era bom e estável, um dia-a-dia comum: levava os meus filhos para o colégio, ia para a academia e trabalhava na minha empresa.

Fui a Brasília no dia 06 de janeiro, para uma manifestação pacífica que aconteceria na segunda-feira (09). Chegando no QG, em Brasília, já no dia 8, uma grande massa se reuniu e foi em direção à Praça dos 3 poderes. 

Aproveitamos e fomos juntos, pois quanto mais gente, melhor seria para chamar a atenção. Fomos nos manifestar por uma causa justa e nobre: Deus, pátria, família e liberdade. Chegando no local, vimos que as edificações ja estavam depredados e pedimos para aqueles que continuavam a quebrar, que parassem.  Por fim, caímos num golpe da esquerda, como todos sabem, e fiquei presa no presídio de Brasília, a Colméia, por dois meses. Em nenhum momento, nesse período, eu pude ver ou conversar com alguém da minha família. Falei somente três vezes com o meu advogado. Ficamos confinadas em 150 mulheres, num espaço de 165 metros quadrados. Tudo era muito precário. A comida era pouca e, muitas vezes, azeda, com: cabelo, pedaços de plástico, vidro, coró, etc.; dormíamos amontoadas, muitas no chão, pois não tinha cama para todas; faltavam remédios, médicos e psicólogos. Muitas adoeceram lá dentro. Eu escreveria um livro com esse pesadelo que vivi. No dia 08 de março de 2023, recebi o alvará de soltura com algumas medidas cautelares.

Voltei a Tubarão dia 10 de março e dali em diante tudo mudou. A sócia da minha empresa, que é a administradora, está tentando a qualquer custo tirar o meu nome da empresa e eu não recebo mais nada desde então. Tive que gastar com advogado para o processo de Brasília e mais um advogado para o processo em relação ao meu negócio. Todos os meus bens estão bloqueados e eu não consigo sequer movimentar a minha conta no banco. Hoje eu uso tornozeleira eletrônica, não posso sair de Tubarão, tenho horário para estar em casa, aos finais de semana fico enclausurada em casa e toda segunda-feira tenho que me apresentar no fórum. Trabalho de segunda à sexta-feira em uma empresa aqui em Tubarão, para poder sustentar os meus filhos. Graças à Deus consegui este emprego. Enquanto isso os bandidos que estrupram, matam, roubam estão soltos. E os piores bandidos estão no poder. Eu ainda tenho esperança que algo de bom vá acontecer, pois o bem nunca perdeu para o mal e Deus é muito maior que tudo isso. Que Ele nos abençoe!”

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